Trombose
A trombose é a formação de um coágulo (chamado trombo), dentro de um vaso sanguíneo ou do coração, impedindo que o sangue circule normalmente através do sistema venoso.
A trombose pode ser fatal e pode afetar qualquer idade, raça, sexo e etnia.
O que é Trombose?
Trombo é o termo utilizado para o sangue coagulado no interior de um vaso, podendo ser em uma artéria ou em uma veia, ou dentro do coração. Quando o sangue coagula fora do corpo, o termo utilizado é coágulo sanguíneo.
Dividimos a trombose em:
Trombose venosa: é o tipo de trombose mais comum, ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia. As veias são os vasos responsáveis por trazer o sangue de volta dos tecidos ao coração. A trombose venosa pode ser subdividida em:
- Trombose Venosa Profunda (TVP): ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia profunda do corpo, sendo os membros inferiores o local de ocorrência mais comum.
- Tromboflebite: ocorre quando o sangue coagula no interior de uma veia superficial, geralmente no braço ou na perna. Este quadro também pode ser denominado apenas flebite.
Trombose arterial: é quando o sangue coagula no interior de uma artéria. As artérias são os vasos que levam o sangue do coração aos tecidos de todo o corpo.
Trombose Intracardíaca: é quando o sangue coagula dentro de uma das câmaras do coração (ventrículos ou átrios). Esse quadro geralmente é causado por alguma doença cardíaca pré-existente, por exemplo:
- Infarto do miocárdio
- Arritmia (sendo a fibrilação atrial a mais comum)
- Valvulopatia (doença das válvulas do coração)
- Insuficiência Cardíaca Congestiva avançada.
É importante lembrar que as artérias transportam o sangue rico em oxigênio do coração para o corpo e as veias o sangue desoxigenado do corpo para o coração. Já o coração tem a função de bombear o sangue.
O que causa a Trombose?
Rudolf Virchow, médico alemão, foi o primeiro a descrever as três principais condições que levam o sangue a coagular dentro de um vaso. Essas condições ficaram conhecidas como a Tríade de Virchow que são:
- Lesão da parede vascular
- Alterações no fluxo sanguíneo (turbilhonamento ou lentidão)
- Alterações na coagulação sanguínea
A trombose venosa pode ser causada por qualquer condição que predispõe as alterações descritas por Virchow.
- Imobilidade prolongada por:
- Internação hospitalar
- Viagens longas
- Imobilização por fraturas
- Repouso após cirurgias
- Pacientes acamados
- Predisposição genética – Grupo de doenças chamadas de trombofilias
- Idade avançada
- Obesidade
- Gravidez e mulheres nos primeiros 2 meses após o parto
- Câncer
- Quimioterapia
- Tabagismo
- Hormonioterapia
- Varizes
Quanto maior o número desses fatores, maior é a chance de o paciente desenvolver a trombose venosa.
Já a trombose arterial, na maioria das vezes, é precedida por um processo de aterosclerose arterial, que é a formação de placas de gordura e cálcio na parede da artéria, levando muitas vezes a um estreitamento da luz do vaso. Esse processo de aterosclerose acaba contribuindo para dois componentes da tríade de Virchow: lesão da parede e alteração no fluxo sanguíneo, no caso lentidão.
Os fatores de risco para a doença aterosclerótica e, consequentemente, para a trombose arterial incluem:
- Tabagismo
- Diabetes
- Hipertensão
- Dislipidemia (colesterol alto)
- Sedentarismo
- Obesidade
- História familiar
- Idade avançada
Outra causa importante de trombose arterial nas pernas é o aneurisma da artéria poplítea, no qual o turbilhonamento do sangue dentro do aneurisma pode predispor a coagulação do sangue dentro do vaso.
Quais são os sintomas de Trombose nas pernas?
Os pacientes com trombose venosa profunda nos membros inferiores costumam apresentar os seguintes sintomas:
- Inchaço do membro
- Dor
- Endurecimento da panturrilha
Já os sintomas de trombose arterial estão relacionados à diminuição da chegada de sangue (isquemia) no membro acometido. Os sinais e sintomas de isquemia são:
- Dor súbita
- Alteração da sensibilidade (dormência ou formigamento)
- Alteração de motricidade
- Diminuição da temperatura
- Palidez ou cianose
Em ambos os casos, os sintomas devem chamar a atenção para a necessidade de um atendimento médico de extrema urgência: no caso da trombose venosa profunda, pelo risco de embolia pulmonar. Já no caso da trombose arterial, pelo risco de perda do membro.
Os sintomas de tromboflebite, quadro muito menos grave quando comparado à trombose arterial e à trombose venosa profunda, são: dor, vermelhidão e aumento de temperatura no trajeto da veia acometida. Em alguns casos, sentimos um cordão endurecido no local acometido (que é o trombo no interior da veia, que fica palpável).
Como a Trombose é diagnosticada?
No caso da trombose venosa (profunda e superficial) suspeitamos do diagnóstico a partir da história e do exame clínico do paciente. Para a confirmação, é necessária a realização de uma ultrassonografia com Doppler Colorido, que conseguirá definir a extensão da trombose e quais os segmentos venosos acometidos.
No caso da trombose arterial, muitas vezes não precisamos de exames de sangue e de imagens, a historia e o exame físico do paciente geralmente são suficientes para fecharmos o diagnóstico. Exames de imagem como ultrassonografia com Doppler colorido, angiotomografia, angioressonância e arteriografia são realizados para a elucidação da causa da trombose e planejamento da revascularização arterial.
Quais são as complicações da Trombose?
A trombose bloqueia o fluxo de sangue pelas artérias e veias. As complicações dependem da localização, extensão e principalmente do tipo de vaso acometido (trombose arterial geralmente é muito mais grave do que uma trombose venosa).
A complicação mais temida da trombose venosa profunda é a embolia pulmonar. Essa complicação, também conhecida como tromboembolia pulmonar ou apenas TEP, ocorre quando um fragmento do coágulo se desprende e segue pela circulação até atingir os pulmões. O entupimento da circulação pulmonar causa uma sobrecarga cardíaca chamada de Cor Pulmonale Agudo. Dependendo da extensão da embolia pulmonar, ela pode ser fatal.
Outra complicação grave, porém rara, é o acidente vascular cerebral (AVC) por uma embolia paradoxal em um paciente com forame oval patente. Nesse caso, ao invés de o trombo parar no pulmão, ele atravessa o coração (por meio de uma comunicação anormal do lado direito com o esquerdo) e obstrui a circulação cerebral, causando o AVC.
No caso da tromboflebite, a principal complicação é o trombo progredir para o sistema venoso profundo e causar uma trombose venosa profunda. Contudo, a maior parte dos casos tem evolução favorável e sem complicações.
Na trombose arterial, dependendo do grau de comprometimento do fluxo sanguíneo, poderá ser necessário um tratamento cirúrgico de urgência pelo risco de perda do membro em decorrência da falta de circulação.
Como a Trombose é tratada?
O objetivo principal do tratamento da trombose venosa profunda é facilitar a dissolver o coágulo, evitar sua progressão (aumento) e diminuir o risco de ele se soltar e causar a embolia pulmonar. Os anticoagulantes são os medicamentos utilizados para esse fim. Além disso, as meias elásticas são indicadas para melhorar os sintomas e para diminuir as chances de síndrome pós-trombótica.
Elas auxiliam a diminuir a dor e o inchaço na perna causados pela trombose, restituindo o bem estar das pernas. Para aliviar a dor, são utilizados também analgésicos.
Na tromboflebite, o tratamento é feito de acordo com a extensão do quadro e da veia acometida. Nos casos simples, apenas analgésicos, compressa com água morna e anti-inflamatórios são prescritos; já nos casos em que há uma proximidade com o sistema venoso profundo, os anticoagulantes são mandatórios.
O tratamento da trombose arterial depende muito da gravidade do caso. Pode variar desde um tratamento clínico com anticoagulação e aquecimento passivo do membro (para aqueles pacientes com quadros leves) até cirurgias complexas, que podem ser feitas por via endovascular (angioplastia com balões e, se necessário, colocação de stents) ou por via aberta, que são as pontes de safena ou pontes com uso de próteses sintéticas. Em casos mais avançados, a trombose pode inviabilizar o membro pela falta de oxigenação para os tecidos, nesse caso a cirurgia de amputação é a única escolha possível.
Como prevenir a Trombose?
Podemos evitar a formação de coágulos na veia (trombose venosa) através de medidas simples como:
- Manter-se no peso adequado
- Praticar atividade física
- Usar meia elástica, principalmente se tiver varizes
- Movimentar assim que possível depois de cirurgias
- Fazer exercícios com as pernas enquanto estiver viajando
- Beber muita água para evitar a desidratação
- Não fumar
O uso de medicamentos anticoagulantes para prevenir um evento trombótico é recomendado apenas em pacientes selecionados que estejam em situações em que há um alto risco de trombose (são exemplos: paciente em pós operatório de cirurgia de maior porte, pacientes internados, em pacientes com imobilização prolongada por uma fratura, etc).
Podemos diminuir os riscos de trombose arterial controlando os fatores de risco da doença aterosclerótica da seguinte forma:
- Não fumar
- Controlar a pressão alta, o diabetes e o colesterol alto
- Praticar atividade física regularmente
- Evitar a obesidade
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